Conversávamos
sobre os pecados capitais. Sabíamos serem sete; não sabíamos nominá-los. Fomos
chutando: avareza, luxúria, orgulho – não, orgulho, não –, soberba, falsidade –
falsidade, também pareceu-nos que não. Bom, não houve acordo. Surgiram mais que
sete. Depois, o que parecia-nos certo ser, discutíamos sua validade nos dias de
hoje: a gula, por exemplo. Passamos, então, a reformular os pecados capitais. O
que poderia ser hoje alçado a pecado capital. Duas atitudes se destacaram:
presunção; leviandade. Segundo o Aurélio, a presunção é a opinião ou o juízo baseado
nas aparências; suposição, suspeita. Este é um pecado que os articuladores do
direito (juízes, promotores, advogados) não deveriam ter. Foi esse o pecado que
atribuí a uma amiga nossa, por ela ser advogada. Mas tem a leviandade. É
leviano quem “julga ou procede irrefretidamente; precipitado, inconsiderado”,
quem calunia, faz falso testemunho. Este texto é para pedir perdão de meu
pecado: fui leviano. Pelo estado de coisa em que encontra nosso sistema jurídico,
julguei imponderadamente minha amiga. Na verdade, minha amiga, ao invés da presunçosa,
como a julguei, é assaz espontânea e franca na conversa amiga e sabe como
poucos manter a reserva e o recolhimento quando se trata de sua atividade
profissional. É uma pessoa divertida, de
uma generosidade impar. Querida: perdão, mil vezes perdão, por ter sido tão
leviano. Foi bom estar entre amigos, foi um encontro revigorante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário