Marco, não sei se dou conta do que propões.
Dificilmente nos damos conta que respiramos, no entanto, não deixamos de respirar. Um sinal de que estamos mortos é a ausência do hálito. Respirar é um processo mecânico e orgânico. Mantém o funcionamento de todo nosso organismo. Para respirar dependo apenas do funcionamento de meu próprio organismo. Enquanto processo social, a educação se compara à respiração. Nem sempre nos damos conta de sua ação. E, onde duas ou mais pessoas se encontram, ela se estabelece. Todo encontro é educativo. Até o encontro com nós mesmos, quando dialogamos com um outro nós em nós, estamos neste processo. Não há encontro que não seja educativo. Se nos submetermos à experiência de subir ao topo de uma montanha e de caminharmos ao longo de uma praia, atentos ao processo respiratório, notaremos mudanças significativas no ritmo de nossa respiração. Depois, há atividades que exigem que treinemos a respiração, para tirarmos melhor proveito dela e obter melhor rendimento de uma atividade específica. Um maratonista faz uso da respiração de forma diversa de um velocista. No mergulho em apneia um mergulhador aprende a prender o fôlego enquanto um nadador precisa dominar a respiração bilateral. Na ioga, nos exercícios espirituais, em uma dinâmica de relaxamento, num exercício teatral aprendemos técnicas de respiração que favorecem estas práticas. Assim, embora se dê em qualquer encontro, a educação assume uma variedade de modos, segundo o papel social que se espera do sujeito. Então a educação familiar difere da educação escolar, esta difere de uma educação militar... A educação então passa a depender do tipo de sociedade que queremos. O hálito de um sujeito não indica apenas que ele está vivo. Indica sua qualidade de vida, o que consome, se mantém uma determinada higiene bucal, se o organismo está funcionando, as condições de seu sistema respiratório... A qualidade da educação indica a saúde de uma sociedade, se suas estruturas e seus organismos estão funcionando bem ou não, o que produz e o que consome. Às vezes alguém precisa dizer-nos: “Pare! Respire! Do mesmo modo devemos dizer à sociedade, ao Estado, a nós mesmos: “Pare! Dê conta de tua educação.”
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