quinta-feira, outubro 15, 2020

SOBRE EDUCAÇÃO

 Marco, não sei se dou conta do que propões.

 

 Dificilmente nos damos conta que respiramos, no entanto, não deixamos de respirar. Um sinal de que estamos mortos é a ausência do hálito.  Respirar é um processo mecânico e orgânico. Mantém o funcionamento de todo nosso organismo. Para respirar dependo apenas do funcionamento de meu próprio organismo. Enquanto processo social, a educação se compara à respiração. Nem sempre nos damos conta de sua ação. E, onde duas ou mais pessoas se encontram, ela se estabelece. Todo encontro é educativo. Até o encontro com nós mesmos, quando dialogamos com um outro nós em nós, estamos neste processo. Não há encontro que não seja educativo. Se nos submetermos à experiência de subir ao topo de uma montanha e de caminharmos ao longo de uma praia, atentos ao processo respiratório, notaremos mudanças significativas no ritmo de nossa respiração. Depois, há atividades que exigem que treinemos a respiração, para tirarmos melhor proveito dela e obter melhor rendimento de uma atividade específica. Um maratonista faz uso da respiração de forma diversa de um velocista. No mergulho em apneia um mergulhador aprende a prender o fôlego enquanto um nadador precisa dominar a respiração bilateral. Na ioga, nos exercícios espirituais, em uma dinâmica de relaxamento, num exercício teatral aprendemos técnicas de respiração que favorecem estas práticas. Assim, embora se dê em qualquer encontro, a educação assume uma variedade de modos, segundo o papel social que se espera do sujeito. Então a educação familiar difere da educação escolar, esta difere de uma educação militar... A educação então passa a depender do tipo de sociedade que queremos. O hálito de um sujeito não indica apenas que ele está vivo. Indica sua qualidade de vida, o que consome, se mantém uma determinada higiene bucal, se o organismo está funcionando, as condições de seu sistema respiratório... A qualidade da educação indica a saúde de uma sociedade, se suas estruturas e seus organismos estão funcionando bem ou não, o que produz e o que consome.  Às vezes alguém precisa dizer-nos: “Pare! Respire! Do mesmo modo devemos dizer à sociedade, ao Estado, a nós mesmos: “Pare! Dê conta de tua educação.”   

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