terça-feira, outubro 13, 2020

ENTRAMOS NA ERA DA EDUCAÇÃO SEM EDUCADOR

 

Com o isolamento social, reinventar-se é a palavra da moda. E “professores têm se reinventado diariamente ante a necessidade de manter as atividades escolares.” Em seus lares, conectados a seus alunos, à equipe pedagógica local, regional e estadual, trabalham sem descanso. Tiveram que aprender a utilizar novas plataformas, arriscarem-se no uso de novas tecnologias, tiveram que administrar seus horários e criar estratégias para atingir seus alunos e mantê-los engajados.

Socialmente, o professor ainda goza de razoável consideração. No entanto para as estruturas econômicas cada vez mais dependentes dos recursos tecnológicos e para a ideologia da maximização do lucro pela redução máxima da força de trabalho humano ou da remuneração dessa força, o professor é uma desnecessidade. Ele não está na ordem dos investimentos, ele é custo, e com os recursos tecnológicos se otimiza a produção com menos recurso humano. Preparar as pessoas técnica e moralmente para o trabalho já não é mais uma preocupação do mercado.

Quase disponível “full time”, utilizando recursos próprios, há um descompasso entre o valor social que ainda se tributa ao professor e o discurso oficial, tomada a fala do ministro da educação:  "Hoje ser um professor é ter quase uma declaração de que a pessoa não conseguiu fazer outra coisa" (Milton Ribeiro, Ministro da Educação). Os professores, para nosso presidente: “Ficam ouvindo sindicato de professores. Pessoal deve saber como que é composto a ideologia dos sindicatos dos professores pelo Brasil quase todo. É um pessoal de esquerda radical. Para eles tá bom ficar em casa, por dois motivos: primeiro eles ficam em casa e não trabalham, por outro colabora que a garotada não aprenda mais coisas, não volte a se instruir”.

Então, certas formas de homenagem ao professorado durante essa semana apenas romantizam a superexploração de seu trabalho. A tal reinvenção do professorado é o último respiro de uma profissão descartável. O mercado não precisa de professores, ele já conta com “influenciadores digitais”, que vão se tornando a nova forma de preparar as novas gerações. A pandemia apenas possibilitou a experiência do ensino remoto. Não houve reinvenção, houve laboratório, quem viver verá: Entramos na era da educação sem educador.

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