sexta-feira, outubro 16, 2020

SEM SERVOS NÃO HÁ SENHORES

Passado o momento de irreflexão e de autoelogios, voltemos à realidade. Os senhores sempre precisaram ser servidos e sempre precisaram de servos que ensinassem seus filhos a serem servidos. “Dar ordens, comandar, se aprende”, dizia um nababo. “E quem ensina a dar ordens, deve, antes, saber obedecer e desobedecer”, continua o nababo. De tal modo “os senhores sempre precisaram ser educados. Os servos mais obedientes, porque também são os que melhor desobedecem, são os que melhor os educam.” Quem nos relata estas coisas é Eustáquio de Provença, que segundo me confidenciou um amigo, serviu na corte de Dom Pedro II. “A importância ou o valor de um educador é esta”, dizia Eustáquio, “é educar seus senhores nas virtudes da boa ordem e do justo castigo à desobediência. Assim, desobedecer, de vez ou outra, é papel pedagógico do servo que educa. ” “Sem servos”, diz meu amigo, “não haveria senhores. Este é o orgulho do servo: “sem mim não haveria senhores.” Objeto meu amigo e digo-lhe que já não vivemos na corte, que somos uma república, uma democracia, coisa e tal. Ele me sorri: “a cobra, meu caro, muda de pele sem deixar de ser cobra: “sem professores não há médicos, advogados, sacerdotes, juízes...”, não é o que dizem hoje?

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