A humanidade não é algo já
dado, é um vir-a-ser. Homens e mulheres nascem e se constituem como promessas
lançadas ao futuro. A humanidade é uma conquista, não um ponto de partida. De
tal modo, homens e mulheres, promessas de uma humanidade a ser construída,
nascem condenados a criar e saber de sua própria humanidade, produzindo um mundo
menos desigual, menos expropriador de nossa vida, de nossas alegrias, de nossas
esperanças, indo além de si mesmos, se superando. Penso numa humanidade que
agrega, aproxima, inclui, que acolhe, reparte e distribui ao invés de acumular
avidamente e consumir-se, consumindo compulsivamente.
Criar é o modo continuo de
homens e mulheres contraporem-se à desumanização... Criando, homens e mulheres
interferem no mundo, transforma-o, interferem em si mesmos, humanizam-se,
impondo-se uma ética, dando-se um sentido, um significado, um valor.
Homens e mulheres se humanizam
aprendendo a interpretar a si mesmos e ao mundo, sabendo-se inter-relacionados
uns com os outros, com o mundo e assumindo o cuidado consigo, com o outro, com
o mundo.
Homens e mulheres que não
buscam conhecerem-se, conhecer uns aos outro, conhecer o mundo, se deixam
dominar por uma má consciência, em que o calculo e o interesse aliam-se aos
excessos do ter pelo ter e do consumir-se no consumir.
Os excessos do ter pelo ter e
do consumir-se no consumir amesquinham-nos e barram-nos a constituição de um
saber-nos de nós mesmos e dos saberes necessários para o desenvolvimento de
nossa humanidade que não se produz a sós mas no convívio com os outros.
Se à humanidade se chega,
ela é a identidade de uma coletividade, não é o perfil de um indivíduo. Quanto
mais gritante é a distância entre os membros de uma comunidade, menos humana
ela é. De tão gritante que é a desigualdade entre nós, beiramos à barbárie.
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