sexta-feira, fevereiro 28, 2020

O SENTIDO DE NOSSO EXISTIR É TORNAR-NOS HUMANOS


A humanidade não é algo já dado, é um vir-a-ser. Homens e mulheres nascem e se constituem como promessas lançadas ao futuro. A humanidade é uma conquista, não um ponto de partida. De tal modo, homens e mulheres, promessas de uma humanidade a ser construída, nascem condenados a criar e saber de sua própria humanidade, produzindo um mundo menos desigual, menos expropriador de nossa vida, de nossas alegrias, de nossas esperanças, indo além de si mesmos, se superando. Penso numa humanidade que agrega, aproxima, inclui, que acolhe, reparte e distribui ao invés de acumular avidamente e consumir-se, consumindo compulsivamente.
Criar é o modo continuo de homens e mulheres contraporem-se à desumanização... Criando, homens e mulheres interferem no mundo, transforma-o, interferem em si mesmos, humanizam-se, impondo-se uma ética, dando-se um sentido, um significado, um valor.
Homens e mulheres se humanizam aprendendo a interpretar a si mesmos e ao mundo, sabendo-se inter-relacionados uns com os outros, com o mundo e assumindo o cuidado consigo, com o outro, com o mundo.
Homens e mulheres que não buscam conhecerem-se, conhecer uns aos outro, conhecer o mundo, se deixam dominar por uma má consciência, em que o calculo e o interesse aliam-se aos excessos do ter pelo ter e do consumir-se no consumir.
Os excessos do ter pelo ter e do consumir-se no consumir amesquinham-nos e barram-nos a constituição de um saber-nos de nós mesmos e dos saberes necessários para o desenvolvimento de nossa humanidade que não se produz a sós mas no convívio com os outros.
Se à humanidade se chega, ela é a identidade de uma coletividade, não é o perfil de um indivíduo. Quanto mais gritante é a distância entre os membros de uma comunidade, menos humana ela é. De tão gritante que é a desigualdade entre nós, beiramos à barbárie.

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