Eu sei das mazelas do Brasil, da
distância que separa o norte e nordeste do sul e do leste, da gritante e
vergonhosa realidade que separa Paraisópolis do Morumbi. Eu me espremo na CPTM
e fico meses aguardando atendimento no SUS eu sei o que é ser olhado com
suspeita, ter que estar devidamente documentado e manter a "boa
aparência". Sei das lamentáveis condições de manutenção de nossas escolas,
das crianças que contam apenas com a merenda para ter uma refeição no dia, e
sei que tudo isso é questão política. Eu tenho uma posição marcada: não quero
um Estado mínimo, quero um Estado em que a promoção social, a distribuição de
renda, a oferta de serviços contemple as camadas mais empobrecidas, que a
diversidade, a pluralidade sejam respeitadas e exercidas, que o artigo quinto
da Constituição, não seja apenas um artigo na Constituição... Eu não quero é
repetir, tal papagaio, slogan de governo algum. Quanto ao hino, eu o canto, não
preciso de determinação para tanto. Não obstante nossas mazelas, e o momento
presente, do Brasil não me desencanto: Tornado pequeno, não deixa de ser
Pujante, como acreditou o poeta que teceu o Hino Nacional Brasileiro, que não
descreveu o momento presente, transfigurou o momento futuro. Um Brasil que não
verei, mas pelo qual não deixo de lutar... E porque "a poesia é mais
filosófica e mais séria que a história, pois a poesia revela o universal, e a
história, o particular." (Aristóteles), eu, sabendo de nossa história,
canto o hino com os olhos da poesia. Ele não trata da realidade, descreve uma
utopia... É, eu acordei ufanista...
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