“[...] não me comprazo com a morte do ímpio,
mas antes com a sua conversão de modo que tenha a vida.” Ez. 33,11
Quando eu tinha
algum envolvimento com a vida religiosa, aprendi de um monge camaldulense que a
morte não é obra de Deus, e que Deus quando age na vida de alguém é para
resgatá-la, não para puni-la. “Deus é um Deus que perdoa; não que castiga”. Este monge dizia que diante da morte Deus é
impotente e dava como exemplo o Cristo que chorou a morte do amigo Lázaro e do
próprio Deus diante do sacrifício do Filho. “É fato que Jesus morreu para
cumprir a vontade do Pai, mas a vontade do Pai não era a morte do Filho; era a
conversão dos homens. Nós homens condenamos e executamos o Cristo, pois se
alguém pode castigar um outro ser com sentença de morte este alguém é o homem e
não Deus”. Sobre a morte Deus não tem poder, ela nos acontece queiramos ou não,
e quando menos esperamos. Deus também não interfere em nossas decisões. Ele nos
ensina um caminho, não nos impõem segui-lo. “O que há de mais divino em Deus é
seu respeito por nossas decisões. Assim, ante a condenação do Filho, Deus não
age para impedir sua morte. Para não desrespeitar nossa decisão, Deus assiste
impotente o sacrifício do Filho.” E porque condenamos Jesus à morte? Porque nos
falou de Amar, Perdoar, Acolher, Partilhar, Ser Solidário: loucura; subversão,
blasfêmia! Para nós a graça é possuir, controlar, mandar, dominar, acumular,
tripudiar sobre o outro e se alguém se opõe a isso sabemos bem o que fazer:
Fizemos com o Cristo. A morte é coisa
nossa, não de Deus! Para quem não segue falsos ungidos: Deus não castiga! Deus
redime!
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