quarta-feira, fevereiro 13, 2019

SOBRE A MORTE COMO CASTIGO




“[...] não me comprazo com a morte do ímpio, mas antes com a sua conversão de modo que tenha a vida.” Ez. 33,11

Quando eu tinha algum envolvimento com a vida religiosa, aprendi de um monge camaldulense que a morte não é obra de Deus, e que Deus quando age na vida de alguém é para resgatá-la, não para puni-la. “Deus é um Deus que perdoa; não que castiga”.  Este monge dizia que diante da morte Deus é impotente e dava como exemplo o Cristo que chorou a morte do amigo Lázaro e do próprio Deus diante do sacrifício do Filho. “É fato que Jesus morreu para cumprir a vontade do Pai, mas a vontade do Pai não era a morte do Filho; era a conversão dos homens. Nós homens condenamos e executamos o Cristo, pois se alguém pode castigar um outro ser com sentença de morte este alguém é o homem e não Deus”. Sobre a morte Deus não tem poder, ela nos acontece queiramos ou não, e quando menos esperamos. Deus também não interfere em nossas decisões. Ele nos ensina um caminho, não nos impõem segui-lo. “O que há de mais divino em Deus é seu respeito por nossas decisões. Assim, ante a condenação do Filho, Deus não age para impedir sua morte. Para não desrespeitar nossa decisão, Deus assiste impotente o sacrifício do Filho.” E porque condenamos Jesus à morte? Porque nos falou de Amar, Perdoar, Acolher, Partilhar, Ser Solidário: loucura; subversão, blasfêmia! Para nós a graça é possuir, controlar, mandar, dominar, acumular, tripudiar sobre o outro e se alguém se opõe a isso sabemos bem o que fazer: Fizemos com o Cristo.  A morte é coisa nossa, não de Deus! Para quem não segue falsos ungidos: Deus não castiga! Deus redime!

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