O que segue é uma adaptação livre de entrevista de Duccio Barlucchi, ator, autor e diretor de teatro, escultor de máscaras, estudioso e pesquisador sobre o tema da criação e uso da máscara teatral contemporânea, em Le Maschere Teatrali come strumento formativo efficace (1) .
A máscara acompanha a jornada humana desde os primórdios do tempo; foi uma das primeiras formas de o ser humano relacionar-se com o sagrado do mundo, isto é, com as forças naturais e espirituais percebidas, mas não representáveis ou formalmente identificáveis, e estabelecer comunicação direta com elas.
Enquanto a pintura e a escultura sempre foram usadas para representar o irrepresentável e os símbolos de culto, através da máscara o ser humano criou um instrumento particular, cuja característica fundamental é ter olhos vazios, para receber o olhar humano, e atuar na fusão entre as duas energias, a do poder representado nos mistérios que envolvem a Terra, o plantio e a colheita, a fúria dos ventos e da chuva, a saúde, a doença, as fases da vida, e do poder humano, empossado no usuário, seja ele xamã ou ator.
Neste sentido, seja no palco, que em rituais religiosos ou no carnaval, a máscara representa o elemento "transgressivo", que coloca aquele que a usa além das convenções normais e diárias, e permite uma vasta gama de possibilidades, isto é, permite que se trabalhe com grande eficácia características físicas, emocionais, psicológicas e relacionais, ajudando a descobrir e refinar vários modos de expressão e comportamento, e diferentes estilos de comunicação.
A máscara para cumprir sua função, precisa contar com a postura e presença física de quem a usa. Sua expressão, sem o olhar humano que a anime, e sem um corpo presente para dar a fisicalidade adequada, permanece vazia, e a máscara um mero objeto.
1- https://www.teatroimpresa.it/admin/dati/336_Intervista%20Duccio%20Barlucchi%20-%20Maschere.pdf
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