domingo, novembro 12, 2017

A DEMÉTRIO MAGNOLI

Sr. Demétrio Magnoli,
Com a devida licença, me permito uma outra leitura do caso Waak, a partir de seu texto. Antes de tudo: Não se tinha notícia de uma manifestação política racista ou um gesto de injúria racial do jornalista. Agora, independente de sua vontade, se tem. E é constrangedor! Repisá-lo, de fato, não nos purifica, mas deveria nos ensinar algo. “Homens públicos, mesmo sós, são públicos!”
Depois, a uma criança, a um adolescente, a um tresloucado, relevamos certos comportamentos, certas expressões. Achamos mesmo graça devido a ingenuidade, imaturidade ou insanidade, em coisas que fazem ou dizem. Mas, a uma altura da vida, nem em pensamento deveríamos nos permitir determinadas especulações, fantasias, desejos, muito menos certas expressões, mesmo que “gracejos idiotas”. Minha avó sempre nos ensinou: “Modere a língua em casa, para não falar demais na rua”. Se Waak, traquejado que é do mundo em que vive, da profissão que exerce, do que representa com o papel que assume, ciente de que pontos e vírgulas fora de lugar destorcem fatos e noticiais, e arruínam carreiras, se ele considerasse o simples princípio de minha avó, talvez não fosse vítima, antes de si mesmo, depois do contemporâneo minotauro a que fazes alusão. És certo, as utopias totalitárias que o senhor apontou não produziram o “homem novo” que se esperava. No entanto, o homem que temos produzido, cultivado com “discursos políticos odientos”, encontra em tipos como Waak, que seguem a pedagogia social do neoliberalismo, que insiste na disputa entre indivíduos e não na solidariedade, seus mais estimados gurus. Para Waak, para deleite de nosso minotauro, o leite já derramou. Para nós, porém, homens públicos e educadores, fica, a partir do ocorrido, um antigo ensinamento não muito diferente do que dizia minha avó: “Estando só, vigia teus pensamentos, pois estes se convertem em palavras. Em sociedade, vigie tua língua; pois nos julgam não pelo que somos; mas por nossas palavras”.

Com desejos de uma boa semana,

Claudio Domingos Fernandes

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