"A
vida sem bobagem não vale a pena ser vivida" (Christine Ramos)
No
lugar de bobagem, Sócrates disse: "A vida sem reflexão não vale a pena ser
vivida." Mas, para alguns, refletir, principalmente sobre si, é uma grande
bobagem. Assim, dedicam-se a saberes mais graves.
Entre
os saberes mais graves há os que nos conduzem a dominar o átomo, a manipular vírus
e bactérias, a entender nosso funcionamento bio-neuro-orgânico. São saberes, de
fato, de tão certos, formidáveis e necessários. Mas saberes que carregam o
potencial de produzirem tragédias e catástrofes. Se nos dão conforto, também
nos ameaçam. Os saberes-bobagens estão aí, então, a nos dizer: “Atenção: há
saberes científicos que, se aplicados, nos conduzem à solução final.” Depois os
saberes-bobagens nos alertam do perigo
dos saberes graves em mãos de quem não se analisa. Eu li, em algum
lugar, que “na mão de uma pessoa de caráter duvidoso o conhecimento é um perigo”.
A ciência é capaz, com seu rigor, com seus métodos, de explicar nosso
funcionamento bio-neuro-orgânico, mas são os saberes-bobagens que se dedicam a
colocar à prova nosso caráter e entender sua formação. É a eles que me dedico sem
desconsiderar a importância dos saberes capazes de nos dar vacinas. “Meu
interesse não está no que sabes, meu interesse está no que pretendes fazer com
o que sabes”, esta bobagem eu li numa porta de banheiro, no Instituto de Biociências
da USP. Ela respondia a uma outra bobagem escrita na mesma porta: “pelo que
cagas, eu sei o que comes.” Os saberes bobagens nos ensinam a ter cautela com
os saberes científicos. É com eles que eu brinco. Uma vida sem saberes-bobagem,
sem uma análise de si mesmo, seria como uma ficção de Aldous Leonard Huxley.
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