quinta-feira, agosto 24, 2023

DO QUE SE APRESENTA COMO NOVIDADE NO CENÁRIO POLÍTICO

 

A singularidade de cada ser humano faz com que a todo nascimento surja algo totalmente novo e, potencialmente, capaz de realizar algo inédito (Hannah Arendt, A Condição humana).

 

Segundo Hannah Arendt, filósofa alemã, de nacionalidade norte americana, é da política a potência do inédito. Mas ela, em algum ponto de suas reflexões, lembra que nem sempre o que se apresenta como novo, produz, de fato, a novidade que se espera ou, numa  expressão freireana, nem sempre o ator social que se apresenta como novidade, produz o “inédito viável” que esperamos da política. E temos visto, com frequência, atores sociais apresentarem-se para agentes políticos, anunciando-se como novidade, aproveitando-se de nosso descrédito, ou suspeita, com os políticos de rotina. O problema é que, geralmente, temos descoberto que o que se apresenta como novo, quando no poder revela-se reacionário. Como “a identidade inalterável da pessoa” e seu caráter só pode ser conhecido depois que a ação política chega a seu fim, mantenho minhas suspeitas por atores sociais colocando-se a disposição do embate político, mantendo, ao mesmo tempo, a crença arendtiana de que, “quando pessoas plurais se ajuntam para se comprometerem em relação ao futuro, os pactos criados entre elas podem lançar ‘ilhas de previsibilidade’ no ‘oceano de incerteza’, criando um novo tipo de confiança e permitindo a elas exercer o poder coletivamente” (Hannah Arendt, A condição humana). Minha utopia, minha ‘ilha de previsibilidade’, é restrita: Eu quero apenas acreditar que nossa cidade possa ser melhor administrada, tendo um olhar de cuidado e assistência aos nossos munícipes em condições de vulnerabilidade. A minha limitada confiança é com o coletivo.

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