quinta-feira, maio 23, 2019

SOBRE SER HUMORISTA E TORNAR-SE RIDÍCULO




Está circulando um fragmento de vídeo em que o Danilo Gentili, em entrevista ao Marcelo Tas, diz não encontrar sentido nas frases de Paulo Freire. Perguntado se saberia citar uma frase de Paulo Freire, Gentili se senta em sua ignorância. Num outro fragmento de vídeo, de uma  entrevista cedida ao Roberto Justus, Gentili se define humorista. E numa visão muito tacanha de humorista diz: "eu só falo merda!”
Como eu gosto do humor socrático, não acompanho as merdas que o Gentili fala, dizendo ser humor. E não me preocupo com ele. Preocupo-me com seus seguidores se se deixam influenciar por um sujeito que “só fala merda”.
Mas porque atacam Paulo Freire? É, o Gentili é apenas o boneco de ocasião no ataque a Paulo Freire. E a atuação do Marcelo Tas na pantomima não é casual, sua provocação faz parte do espetáculo, ou do ataque. Mas porque atacam Paulo Freire?
Uma entre muitas hipóteses é porque Paulo Freire defendia que "As cidades pudessem estimular as suas instituições pedagógicas, culturais, cientificas, artísticas, religiosas, políticas, financeiras, de pesquisa para, empenhando-se em campanhas com este objetivo: desafiassem as crianças, os adolescentes, os jovens a PENSAR e a DISCUTIR o direito de ser diferente sem que isto signifique correr o risco de ser discriminado, punido ou, pior ainda, banido da vida" (FREIRE, P. Educação permanente e as cidades educativas, in Política e educação. São Paulo: Cortez Editora. 1995, p.26).
Num governo que combate o PENSAR e o DISCUTIR, que ataca a universidade, professores e alunos, que nega campanhas em favor da diversidade,  pensar uma educação em que as pessoas possam se declarar homossexuais, transexuais, liberais, comunistas, ateus ou apenas descrentes das religiões hegemônicas, Paulo Freire é mesmo um fracasso.  E seu sonho de que entre as pessoas haja respeito mútuo, mesmo que haja discordância de opiniões e de modos de vida, "o sonho por um mundo menos feio, em que as desigualdades diminuam, em que as discriminações de raça, de sexo, de classe sejam sinais de vergonha e não de afirmação orgulhosa ou de lamentação puramente cavilosa" (Ibidem), parece mesmo algo ridículo para jênios como o Danilo Gentili. 
Do fragmento de vídeo em que Danilo Gentili expõe sua ignorância, podemos tirar um ensinamento freireano, não sei se o Gentili é capaz de entender. O aprendizado e o seguinte: “é dever procurarmos, com rigor, conhecer o objeto de nossa crítica. Não é ético nem rigoroso criticar o que não conhecemos” (FREIRE, P.  Do direito de criticar – Do dever de não mentir ao criticar, in Política e educação. São Paulo: Cortez Editora. 1995, p. 60). Tecer críticas a algo ou alguém que mal conhecemos é um desrespeito com nós mesmos, pois nos faz passar ridículo. E a graça do humor está em expor o ridículo sem o ser.


sexta-feira, maio 17, 2019

JÊNIO


Sabe o jênio, é o jênio, aquele sujeito que diz-se ilustrado e bem informado porque segue a unizap. Pois é, o jênio, como evangélico que não lê os evangelhos e vê o diabo até em Cristo, vê o PT em tudo. Então o jênio se gaba: "Eu não gosto do PT, vou apoiar tudo que o Néscio propuser." O Néscio propôs um ministério de estultos, o jênio aprovou. O Néscio propôs o fim das aposentadorias, o jênio achou o máximo. O Néscio ataca professores, e, agora, estudantes, o jênio aplaude. O Néscio passa ridículo no mundo, ridicularizando-nos, o jênio, desdenha e diz: É o mito." O Néscio não sabe como combater o desemprego, frear o aumento do combustível, do gás, da cesta básica, o jênio culpa governos anteriores. O Néscio e a família, mantém vínculos com a milicia e vive à sombra de laranjas, e o jênio zumbetiza: "Mas o Lula, a Dilma, o PT..." O jênio, porque o Néscio se saiu com essa, resolveu nos chamar de idiotas úteis. Desdenha dos movimentos contra os ataques ao ensino superior, ao combate à reforma da previdência, à entrega do combate à criminalidade ao cidadão de bem. Chama a todos de "comunistas vagabundos", enquanto o Néscio desgoverna o Brasil ladeira abaixo. Mas acho que o jênio esta sertissímo (é com 's' mesmo, o jênio entende), nós professores não sabemos ensinar como eles querem, sem material para o ensino, sem equipamentos para a pesquisa e sem recursos para a extensão; nossos alunos não querem aprender como eles querem, atendendo apenas interesses mercadológico; são por demais ambiciosos: querem laboratórios, bibliotecas, professores bem formados, condições de permanência... Nós e nossos alunos somos idiotas úteis? Talvez. Alguns são "vagabundos", alguns são comunistas, alguns comunistas e vagabundos, alguns não se decidiram ainda. Mas, a arte do jênio é generalizar e ofender, porque não há o que sustente positivamente o Néscio e seu desgoverno. Penso eu, seja vagabundos, seja idiotas úteis, seja "comunistas vagabundos", em relação ao jênio, estamos em vantagem, pois o jênio, não é idiota, não é vagabundo, não é comunista, é menos que tudo isso: é jênio! E jênio está sempre serto (é com 's' mesmo, o jênio entende).

sexta-feira, maio 10, 2019

RUMO SERTO

No imaginado país de Pafúncio, idiotas incomodados de serem idiotas encontraram um manual de auto-ajuda: "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota", escrito por um mestre em seduzir néscios. Deu-se a iluminação e nomearam o autor da referida obra de auto-ajuda, guru. Os néscios, agora sob iluminada orientação, decidiram que tinham que eleger alguém que os representassem. Elegeram uma família, rodeada de laranjas. No imaginado país de Pafúncio, as coisas estão indo de vento em poupa: caça-se direitos, despreza-se a educação, combate-se a diversidade, arma-se a população. Tem idiota sentindo-se no paraíso e idiotamente aplaude e aprova as ações estrambelhadas da família laranjal e as bizarrices e impropérios de um charlatão, que se considera uma mente brilhante. No imaginado país de Pafúncio as coisas estão no rumo serto (vamos manter o 's').