Se alguém perguntar por mim/
Diz que fui por aí...
Jhohhana tinha sempre uma
canção nos lábios. Chovesse, fizesse sol, Jhohhana se resolvia cantando.
Ensaiei muitas vezes dizer-lhe de o quanto me ligava nela. Nunca tive a coragem
do último gesto, da pronuncia do: “te quero, te amo”. Havia dias que me
exasperava ouvir sua voz, do fundo da sala, sibilando uma canção qualquer,
enquanto resolvia equação e teoremas. “Está ai você acabrunhado, vem, me ajuda
nesta redação”, convoca-me puro sorriso. Não nos separávamos. O ano terminava,
a formatura se aproximando, nossos rumos futuros incertos. Era o sorteio para o
amigo secreto, eu desejando o nome de Jhohhana, Jhohhana cantarolando Luiz
Melodia. Peguei o papelzinho, desembrulhei-o apreensivo. “Vixe, que
desapontamento foi esse? Por acaso não me tirastes?”, e Jhohhana sorriu-me,
abraçou-me, beijou-me a face: “já somos amigos e o seremos para sempre!”. Jhohhana
voltou a cantarolar: Eu fico com essa dor/ Ou essa dor tem que
morrer/ A dor que nos ensina/ E a vontade de não ter...” Jhohhana, eu deitado
em seu colo, desalinhava meus cabelos, falava da viagem que faria, sibilava
Melodia: “Tente me amar pois estou te amando/ Baby, te amo, nem sei se te amo...”
Ela sabia, sorria-me. Faltou-me o risco do último gesto. Não fui justo com
Jhohhana. Ficamos amigos. Falta-me seu sorriso neste adeus a Melodia!... “Eu
estou por aí sempre pensando nela”
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