Coisas e pessoas têm bibliografias mútuas. (Mirta Zaida Lobato)
Pés descalços, short florido
curto, camisa do pijama desabotoada, cabelos desajustados. Posicionou o filtro
de papel à cafeteira, adicionando três colheres de café. Adicionou a água no
compartimento próprio. Deixou a máquina operando e entrou no banho. Aos poucos
o aroma de café fresco tomou conta da cozinha. Eu já ansiava seu aroma e calor
preenchendo-me. Saiu do banho enrolada numa toalha, o perfume de seu corpo
misturava-se ao aroma do café. Tomou-me na cristaleira, posou-me sobre a mesa. Verteu
em mim o agradável, quente e aromático licor. Levou-me a seus lábios, que
esboçaram um ligeiro sorriso de satisfação, um brilho abriu-se em seu olhar.
Levou-me consigo para o quarto. Deixou a toalha escorrer pelo corpo. Sentou relaxada a uma cadeira, pousando-me
entre as pernas. Senti de si os lábios túmidos. Atabalhoado em meu frenesi,
escorreguei chão abaixo. A última coisa que ouvi de seus lábios foi um
impropério. Em meu corpo estilhaçado permanecem as marcas de seus
lábios e o sabor de café.